O Livro de Esdras relata-nos logo no início que, no tempo de Deus, o povo judeu exilado foi autorizado e estimulado por Ciro, rei da Pérsia, a regressar a Jerusalém, a fim de “edificar a casa do Senhor” (1:5), tendo providenciado e custeado toda a logística com vista ao regresso do povo em massa.
Entretanto os vasos da casa do Senhor tinham sido restituídos, pois sempre que há restauração há restituição. A vontade de Deus era a restauração do templo onde o Seu povo poderia cultuá-lo, razão porque Ele tem prazer na nossa restauração espiritual e nisso põe todo o seu empenho.
Esdras relata que Bislão e os companheiros apresentaram falsas acusações ao rei da Pérsia, Artaxerxes, no sentido de este vir a mandar suspender a obra, o que de facto aconteceu. Durante a tarefa de reconstrução espiritual teremos sempre que lidar com a murmuração, a calúnia e a intriga, significando que os poderes deste mundo tentarão parar a nossa “construção” de modo recorrente.
Entretanto, passaram-se dezasseis anos desde a data em que as obras foram interrompidas. Durante esse período os judeus construíram as suas casas de família, até que Ageu e Zacarias os encorajaram e exortaram a retomar a tarefa.
Ora, isso aconteceu quando o governador Tatenai investigou a legalidade da reconstrução (5:3-17) e questionou Dario, então no poder imperial persa, mas este assegurou-lhe que o projecto era legal, e confirmou a ordem de reconstrução (6:1-12).
De facto a nossa “construção” tem que ser feita em boa ordem. Mas a boa ordem implica também o tipo de construção que estamos a desenvolver, isto é, que género de materiais aplicamos: “Porque ninguém pode pôr outro fundamento além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo. E, se alguém sobre este fundamento formar um edifício de ouro, prata, pedras preciosas, madeira, feno, palha. A obra de cada um se manifestará; na verdade o dia a declarará, porque pelo fogo será descoberta; e o fogo provará qual seja a obra de cada um. Se a obra que alguém edificou nessa parte permanecer, esse receberá galardão. Se a obra de alguém se queimar, sofrerá detrimento; mas o tal será salvo, todavia como pelo fogo” (1 Coríntios 3:11-15).
No final da construção o templo de Jerusalém, agora restaurado, foi formalmente dedicado a Deus (6:13-18). A nossa construção espiritual só faz sentido se for para a dedicar e consagrar ao Senhor: “Não sabeis vós que sois o templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós? Se alguém destruir o templo de Deus, Deus o destruirá; porque o templo de Deus, que sois vós, é santo” (1 Coríntios 3:16,17).
A primeira grande festividade judaica celebrada no novo templo foi a Pessach (Festa da Páscoa), que recordava a libertação dos anos de escravidão dos antepassados no Egipto. De facto só somos verdadeiramente livres quando nos construímos e consagramos ao Senhor. O nosso acto de consagração tem que levar em conta que estamos a sair de um domínio (do pecado) para outro (a submissão a Deus).
Hoje parece haver cada vez mais simpatizantes e menos convertidos, pessoas que, afirmando-se cristãs, não mudaram de vida nem de mentalidade e não produzem fruto, ao contrário do ensino do Mestre: “Assim, toda a árvore boa produz bons frutos, e toda a árvore má produz frutos maus. Não pode a árvore boa dar maus frutos; nem a árvore má dar frutos bons. Toda a árvore que não dá bom fruto corta-se e lança-se no fogo. Portanto, pelos seus frutos os conhecereis. Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus” (Mateus 7:17-21).
Quando Deus está no controle, nem murmuração, nem calúnia, nem intriga, nem poder algum deste mundo pode fazer parar a nossa construção. Ela deve ser feita em boa ordem. O nosso templo deve ser consagrado ao Senhor a cada dia.
Consagremos o nosso “templo” a Deus.