Publicada em 01/11/17 às 16:11h - 323 visualizações
Católicos e protestantes pedem perdão pela violência nos 500 anos da Reforma Protestante
Manancial FM
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(Foto: Manancial FM)
Pela primeira vez na história e através de uma declaração conjunta,
católicos e protestantes pediram nesta terça-feira (31) perdão pela
violência que os confrontou durante séculos.
O anúncio foi feito pelo Vaticano e a Federação Luterana Mundial no
dia em que terminam as comemorações da Reforma Protestante promovida no
século XVI por Martinho Lutero, o que levou a um cisma histórico.
"Pedimos perdão por nossos fracassos, as formas com que os cristão
feriram o Corpo do Senhor e se ofenderam uns aos outros durante os 500
anos transcorridos desde o início da Reforma até hoje", afirma o
comunicado conjunto.
"Nós nos comprometemos a continuar a caminhar juntos em busca de um
consenso substancial para diminuir as diferenças entre nós", acrescenta o
texto.
Na declaração, o Vaticano concorda com os luteranos a "dar graças
pelos dons espirituais e teológicos recebidos através da Reforma".
Em 31 de outubro de 1517, o clérigo e teólogo Martinho Lutero
pendurou no local sua "Disputa" mais conhecida, sob o nome "95 teses", o
texto fundador da Reforma protestante que marcou sua ruptura com o
catolicismo.
Lutero também foi um dos primeiros a escrever em língua alemã e é o autor da primeira tradução da Bíblia em língua vernácula.
O texto conjunto divulgado nesta terça destaca que, "pela primeira
vez, os luteranos e os católicos veem a Reforma a partir de uma
perspectiva ecumênica. Isso permite um novo olhar sobre os eventos do
século XVI que levaram à nossa separação".
O documento faz um balanço das relações entre as duas religiões e
enfatiza que o caminho foi iniciado há 50 anos, com "a eliminação dos
preconceitos, uma maior compreensão mútua e a identificação de decisivos
acordos teológicos".
"Reconhecemos que, se o passado não pode ser alterado, sua influência
sobre nós hoje pode ser transformada (…) Está claro que o que temos em
comum é muito maior do que o que nos separa", insiste o texto.
A declaração refere-se, em particular, à situação de casais mistos
católicos/protestantes que desejam poder comungar em ambas igrejas.
"Desejamos ardentemente que essa ferida (…) seja curada. É o objetivo
de nossos esforços ecumênicos, que queremos avançar, incluindo na
renovação do nosso compromisso com o diálogo teológico", diz o texto.
Há um ano, o papa Francisco, conhecido por suas posições a favor do
diálogo entre religiões, selou a reconciliação com os protestantes com
sua viagem à Suécia há um ano, no lançamento das celebrações dos 500
anos da Reforma, um gesto impensável em outros tempos.
Dessa forma, convidou a todos a deixar de lado as controvérsias
doutrinais e a destacar mais os avanços alcançados graças ao diálogo
iniciado a partir do Concílio Vaticano II (1962-1965), que pedia
respeito mútuo.
Comemorar as posições de Lutero, considerado por séculos "o pior dos
hereges", valeu a Francisco duras críticas por parte dos setores mais
conservadores da Igreja católica.
No ano passado, Francisco também afirmou que "Lutero foi um
reformador em um momento difícil" e que, "se alguns métodos não foram
corretos, se lermos a história, veremos que a Igreja não era um modelo a
imitar: havia corrupção, mundanismo, apego à riqueza e ao poder",
esclareceu na ocasião.
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