(Foto: Manancial FM)
Conheço o sentido prático do amor e serviço ao próximo. Não sou de divulgar o que minha mão direita faz - prefiro que a esquerda continue sem saber (quem tem olhos para ler, que leia) -, porém posso te garantir que sou um defensor da funcionalidade essencial da Igreja de Jesus sendo na direção do Grande Mandamento (amar a Deus e ao próximo como a si mesmo), e isso sem deixar de cumprir, sumariamente, a Grande Comissão (ir e pregar o evangelho, a fim de reunir discípulos de todas as nações).
No entanto, vejo que muitos cristãos se confundem nesta compreensão bíblica e acabam misturando missão com serviço, ignorando assim a necessidade de primar-se a glória de Deus em toda a missionalidade, a fim de que ninguém, absolutamente ninguém mais receba o louvor do que se produz no Eterno. Somos chamados a anunciar e servir, e anunciar é uma coisa e servir é outra - interpretar que uma coisa é outra, para mim, é comprometer a Grande Comissão, pois a fé vem pela pregação da Palavra e não pelas boas obras.
O que estou querendo afirmar é o seguinte: se Deus não é glorificado no meu serviço ao outro, então este meu ato de servir torna-se numa ofensa ao próprio Deus. Permita-me avançar na reflexão.
O outro deve ser, para mim, sobretudo, um meio para que a glória de Deus se espalhe no mundo e não um fim para que eu me locuplete espiritualmente. Se eu amo ao próximo sem que este amor seja canalizado por Deus [de Deus - em mim - ao outro], isto significa que meu suposto amor é carnal e idólatra; algo pecaminoso, que nem deve ser compreendido como 'amor'.
Tudo o que remove a prerrogativa última de Deus em tudo de mim e no que produzo é idolatria. Se eu faço qualquer coisa que não seja para a glória de Deus, então tal coisa que faço é engano e futilidade espiritual. E essa geração é a mais fútil - espiritualmente falando - dos últimos tempos, pois tudo se resume a uma coisa: a promoção de si mesmo.
Não se exalta mais o Espírito que ilumina a causa, mas sim a causa que norteia a ação do homem. A ação, neste contexto, é apenas produto de uma espiritualidade sem cruz, sem temor, sem obediência, profundamente relativista, seriamente secularizada e esvaziada de um contexto devocional.
Esta reflexão não está sendo provocada para corroborar a covardia de alguns irmãos que podem servir alguém e tentam utilizar de falsas justificativas bíblicas para deixar de fazê-lo. Esta reflexão está sendo provocada para provar que não se deve servir de qualquer maneira, mas conforme a verdade do Evangelho - ou seja, em e para a glória de Deus, sobretudo e sempiternamente. E se você serve ao próximo com o fim na glória de Deus e pela dependência da mediação de Cristo entre você e o objeto do seu amor que se materializa, não vai se incomodar com nada do que foi escrito.
Como diz Tim Keller, "um ídolo é qualquer coisa que você procura para dar a você aquilo que apenas Deus pode te dar". Guardemos o nosso coração para que ninguém - inclusive o outro ou nós mesmos - venha a assumir o lugar em nós que pertence somente ao Deus Triúno.
Isto posto, tenha muito cuidado para não achar feio tudo o que não é espelho.